Texto Inicial

Quarta-feira, 9 de Julho de 2008

Texto Inicial

Decidi criar este blog para tentar organizar alguns postings sobre assuntos que eu tenho compartilhado na internet, seja por meio de noticias coletadas e arquivadas, mas que todos deveriam saber, seja sobre assuntos técnicos que vejo e participo na comunidade do orkut Engenharia de petróleo, do professor da PUC-RJ Luis Rocha (quem eu não conheço pessoalmente).

É de caráter experimental, mas espero que seja bem aceito e conte com a participação de pessoas interessadas em adicionar.
Saudações rubro-negras a todos!!!
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Luciano da Costa Elias
Eng. Quimico
EQ/UFRJ 92/1
CBS 301/91

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sábado, 20 de março de 2010

A covardia e a vergonha sobre o pré-sal

COMENTARIO DO BLOGUEIRO: Como já havia me manifestado antes como contrário a mudança das leis atuais, eu somente apoio ajustes para garantir maior arrecadação, leis atuais que permitiram ao mercado de E&P no Brasil crescer muito nos últimos anos, como eu trabalho no setor há mais de 12 anos, permito-me indignar-me com mais esta postura covarde do governo do Lula que "agora" diz que o problema não é do governo e sim do congresso. Esta postura covarde de fazer campanha antecipada, de repartir o bolo das descobertas antes mesmo de comprar (investir) na farinha e nos ovos para fazer o bolo, de forma a alardear e propagandear para os menos esclarecidos que tudo de bom "foi o Lula" e tudo de ruim "são os outros".
Deveriam todos do governo Lula ter uma postura digna de reconhecer os acertos e os erros, sejam dos outros sejam deles próprios.
O fato de enviar a propaganda-projeto-de-lei ao Congresso e fazer todo o alarde de que "estamos acabando com a miseria" pressupõe (precisa, exige-se) que o responsável por este "maravilhoso projeto"  seja capaz de acompanhar todo o processo das leis enviadas a fim de ver se iria dar tudo certo ou mesmo mudar conforme as idéias iam amadurecendo ou intervir. Porém, é mais cômodo esconder-se atrás da incompetência dos outros para não mostrar a sua própria e a sua falta de responsabilidade com o projeto. Dizer que "o problema é dos outros"  é pura covardia.
O Lula gosta de fazer propaganda, parece estar sempre em campanha eleitoral... Isso é ilegal, mas ninguém se atreve porque ele tem apoio popular. Isso não só é ilegal como é uma covardia com o povo menos esclarecido.
Vergonha toda esta bagunça sobre o pré-sal causada sobre a tentativa de mudar as leis que permitiram que desse certo todo este sucesso da exploração de petróleo. Essa tentativa de mudar as leis para encobrir o que foi feito certo no passado, para poder dizer que o sucesso é por causa das novas leis, apagando o passado. Nós que estamos na área de E&P sabemos que as novas leis tendem ao retrocesso, que as empresas aqui estabelecidas desistam de investir no Brasil (como já aconteceu com algumas).
O Presidente da República como chefe de Estado e de governo deve manter-se sempre em contato com todos os órgãos (congresso, judiciario etc) pois ele representa a nação e não o partido politico. Portanto, ele deve sim ter responsabilidade e atuar no Congresso, seja como politico, seja como negociador, seja como interventor de forma a garantir a Constitução que ele mesmo ajudou a gerar.
Ele não pode ser omisso nem em seus projetos de lei no Congresso e nem nos escandalos do Congresso. Ele não pode ser covarde. Cito aqui a frase de Juscelino Kubistchek quando perguntado se apoiaria a candidatura do sucessor: "O presidente da República é a pessoa menos indicada para dar opinião sobre candidatos. O candidato que o Brasil escolher será empossado. Já disse e repito que como presidente da República me manterei numa posição de absoluta imparcialidade. Serei um magistrado(juiz).(...) Eu assumi compromissos com a Nação de que em primeiro de janeiro de 1961 passaria a faixa presidencial a meu sucessor no Palácio da Alvorada, quaisquer que sejam as circunstâncias. Estejam certos que o farei"(TEXTO EXTRAÍDO DO JORNAL "O GLOBO" , NA COLUNA "HÁ 50 ANOS" publicado na quarta-feira 25 de fevereiro de 2009)
 
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COLUNA NO GLOBO (MIRIAM LEITAO)

Falha de líder

O presidente Lula foi inadequado, mais uma vez. Ao contrário do que ele diz, o problema dos royalties do petróleo não é apenas do Congresso. Foi ele, Lula, que enviou os projetos de lei para mudar o regime de exploração, foi o seu gabinete que decidiu o novo modelo e quis a redução dos impostos dos estados produtores. No Congresso, as "gracinhas de ano eleitoral", como ele diz, nasceram da sua omissão.
O resto surgiu naturalmente do oportunismo de alguns, como o deputado Ibsen Pinheiro.

Ademais, se a Federação está dividida, é assunto do presidente, óbvio; se a divisão é em torno de um projeto que nasceu de uma gracinha eleitoral do governo, o presidente tem trabalho a fazer. Chega a ser cômico que Lula esteja se propondo a ser mediador do intratável conflito do Oriente Médio, assunto entregue às grandes potências desde sempre, enquanto no Brasil os estados se acusam e se dividem, e as populações se mobilizam. E tudo que Lula tem a dizer é que a bola é do Congresso.

O presidente Lula se perguntou: "por que essa pressa agora, se o assunto é para 2016?" Ora, a bola pode ser devolvida a ele: por que a pressa? Por que o pedido de urgência? Porque foi o governo que decidiu apressar uma discussão que tinha que ser amadurecida, quando colocou de afogadilho, e de olho em dividendos eleitorais, a mudança do regime de exploração de petróleo no Congresso.

Inicialmente, a proposta era só para futuros blocos a serem licitados no pré-sal. Só então é que os estados produtores perderiam uma de suas fontes de receita, a participação especial. Depois, passou-se a incluir as áreas já licitadas nesta decisão de não dar mais participação especial aos estados produtores. A emenda Ibsen vai mais adiante e diz que para toda a produção de petróleo, a partir da sua promulgação, os royalties passam a ser divididos com todos os estados. Portanto, engana-se quem pensa que o assunto é para 2016. Ele foi trazido ao tempo presente. Sua aplicação será imediata se a emenda for aprovada.

O regime de concessão, que vigora há mais de dez anos, conseguiu feitos extraordinários, como o de aumentar os lucros da Petrobras muito mais do que a alta do petróleo no período. De 1997 para cá, os preços do petróleo subiram 200% e os lucros da Petrobras até 2008 subiram 943%, segundo a comparação feita pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Os dados do balanço de 2009 só vão sair hoje. Neste período, aumentou a arrecadação de impostos do petróleo, a entrada de capital estrangeiro, e quase dobraram as reservas do Brasil. Não há explicação para que o governo decida mexer no modelo que deu certo até agora, fortaleceu a empresa brasileira, fez com que 70 empresas nacionais e estrangeiras viessem investir na área.

A única explicação para mudar agora o modelo é fazer, para usar a expressão do presidente Lula, uma "gracinha eleitoral". Se quiser uma discussão séria sobre mudança do modelo, o governo pode deixar tudo para depois da temporada de gracinhas, e assim o país poderá discutir o assunto a sério no ano que vem. A melhor forma de discutir uma revisão dos impostos de petróleo é dentro de uma reforma tributária.

Há muitos pontos interessantes levantados por brasileiros de outros estados e que devem ter resposta. Perguntas do tipo: por que uma riqueza que é do Brasil todo deve ficar com o Rio? Estado tem mar territorial, ou o mar é dos brasileiros em geral?

As respostas estão na Constituição. Artigo 20. É tudo da União: mar, rios, ilhas fluviais, lagos, potencial hidráulico, recursos da plataforma continental, recursos minerais, cavernas, terras. Tudo.

Então, a discussão acabou aqui? Não, porque tem o parágrafo primeiro do mesmo artigo que diz que os estados e municípios têm o direito de participar "do resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva". Ou então têm direito a "compensação financeira por esta exploração".

Conclusão: sim o mar é de todos, mas a Constituição aceita a figura do mar territorial e plataforma continental dos estados. Sim, tudo é da União, mas os estados e municípios têm o direito de ou participar do resultado dessa exploração econômica ou ser compensado financeiramente.

Lula não quer em ano eleitoral desagradar cariocas, nem nordestinos, nem gaúchos, nem quaisquer moradores dos entes federados. Por isso, culpa o Congresso pelo imbróglio, quando foi ele mesmo que iniciou toda essa discussão e foi sua base que aprovou a emenda da discórdia. Diz que a bola está no Congresso, quando foi ele que iniciou o jogo na hora errada. Tenta não tomar posição para não perder votos e popularidade. Torce para que no final a Justiça considere a emenda Ibsen inconstitucional e ele possa lavar as mãos, mais uma vez. Enquanto isso, Lula se apresenta como grande estadista capaz de resolver a insanável fratura do Oriente Médio.

É papel do presidente da República do Brasil mediar um conflito dessas proporções na Federação. Se os estados se desentendem, a fratura se aprofunda, é a União que pacifica, e por isso tem o nome que tem.

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