Texto Inicial

Quarta-feira, 9 de Julho de 2008

Texto Inicial

Decidi criar este blog para tentar organizar alguns postings sobre assuntos que eu tenho compartilhado na internet, seja por meio de noticias coletadas e arquivadas, mas que todos deveriam saber, seja sobre assuntos técnicos que vejo e participo na comunidade do orkut Engenharia de petróleo, do professor da PUC-RJ Luis Rocha (quem eu não conheço pessoalmente).

É de caráter experimental, mas espero que seja bem aceito e conte com a participação de pessoas interessadas em adicionar.
Saudações rubro-negras a todos!!!
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Luciano da Costa Elias
Eng. Quimico
EQ/UFRJ 92/1
CBS 301/91

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Segurança alimentar mundial: Texto muito interessante e verdadeiro

Comentário do blogueiro: o texto abaixo divulgado no jornal Valor é muito bom.
Coloco o meu testemunho de que há aqui na Líbia terras agriculturáveis mesmo bem próximo do deserto do Saara. São grandes extensões vazias e que bastariam algumas diretrizes e formação de mão-de-obra. O clima no verão mto parecido com o Nordeste e no inverno com o RS pode ser um desafio, mas nada que tecnicamente não seja resolvido. extensões de eucaliptos velhos e oliveiras podem ser vistas numa curta viagem próximo as principais cidades. Segundo os locais os eucaliptos foram plantados pelos italianos há mais de 80 anos para proteger as culturas plantadas sobre as suas sombras (culturas essas que já não se ve). Técnicas simples e antigas podem ser a resposta para vencer o avanço do deserto e ao mesmo tempo produzir.
Segundo comentários dos africanos subsaarianos que há de montes por aqui, mão-de-obra em toa Africa é o que não falta. Tecnologia e educação, sim. Muitas empresas podem beneficiar-se deste cenário, desde que os governos sejam estáveis para atrair investimentos.
 
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Governos terão que resgatar a agenda da soberania alimentar.

África - última fronteira agrícola

José Graziano da Silva
18/02/2011

Há uma fronteira agrícola cujo potencial transformador poderá decidir o sucesso ou o fracasso da luta contra a fome e a miséria no século XXI: África.

Qualquer fórum relacionado à segurança alimentar e ao combate à miséria terá que levar em conta o peso descomunal desse continente de 800 milhões de habitantes, onde o sempre desconcertante entrelaçamento entre riquezas naturais e miséria atinge níveis superlativos.

Diferentes pontos de fuga - não raro impositivos, violentos - serviram muitas vezes para protelar decisões estratégicas sobre o seu destino, sem considerar as urgências de seu povo.

Mais que nunca, o colapso de 2007/2008 (que ameaça repetir-se em 2011) reafirmou que a questão estrutural da pobreza e do desenvolvimento terá que ser enfrentada, em primeiro lugar, com o empenho da cooperação entre os principais interessados na sua equação: governos e a cidadania das nações mais vulneráveis, mobilizando - sobretudo - seus próprios recursos.

É nesse cenário que se renova a importância e a centralidade da agricultura familiar na reordenação da luta contra a fome em nosso tempo. Oito dos nove países mais devastados pela subnutrição localizam-se no continente africano. Neles, a vida de 200 milhões de homens e mulheres encontra-se raptada pela rotina da insegurança alimentar. A maioria esmagadora vive em zonas rurais - a exemplo do que ocorre no resto do planeta, em que 70% da humanidade faminta concentra-se em pequenas propriedades agrícolas.

A grande diferença é que a África, ao lado da América Latina, é o lugar do mundo em que se encontra a última e preciosa fronteira de expansão agrícola das próximas décadas. Explorá-la diretamente em benefício da segurança alimentar de seus habitantes, ou ser recolonizado por ela é uma escolha política que não admite mais hesitação.

A experiência recente tem lições a ensinar.

A agenda dos anos 90 - com seu repertório de privatizações, Estado mínimo e renúncia às políticas de segurança alimentar - não entregou o que prometeu. A abertura comercial unilateral e indiscriminada revelou-se um desastre para as frágeis agriculturas dos países africanos mais pobres.

Está na África e América Latina a última e preciosa fronteiras de expansão agrícola das próximas décadas. Explorá-la em benefício da segurança alimentar de seus habitantes, ou ser recolonizado por ela é uma escolha política que não admite mais hesitação.

Os relatos são pedagógicos. Os subsídios maciços dados aos produtores de algodão dos Estados Unidos, por exemplo, da ordem de US$ 25 bilhões desde 1995, reduziram drasticamente as cotações do produto durante anos. Quase 10 milhões de produtores africanos tiveram prejuízos devastadores no Benin, em Burkina Faso e no Mali.

Na África subsaariana, a expectativa de vida resultante do ciclo neoliberal regrediu aos níveis do início da década de 1970. Desastres climáticos e conflitos fratricidas contribuíram significativamente para agravar essa regressão. O mais grave, porém, é que ali onde sobreveio o infortúnio não havia Estado, planejamento, nem estoques de alimentos para mitigá-lo.

Nos últimos 20 anos, a produção de grãos registrou um crescimento médio de apenas 2,5% nos países africanos enquanto a população cresceu acima disso. E as importações aumentaram, em média, 3,5% ao ano. Estamos falando de um continente que utiliza apenas 14% dos 184 milhões de hectares de terras agriculturáveis de que dispõe.

Se considerarmos a Savana africana, que corta 25 países e guarda profundas semelhanças com o Cerrado brasileiro, a conta vai a 400 milhões de hectares. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), já identificou 35 projetos de cooperação em 18 países africanos e poderá aportar US$ 12,8 milhões em parcerias para transferência de variedades de cultivares, bem como de tecnologias adequadas à agricultura tropical.

Esse potencial cooperativo requer, em primeiro lugar, uma decisão estratégica de devolver às políticas de segurança alimentar a centralidade que elas nunca deveriam ter perdido no processo de desenvolvimento. Não estamos partindo do zero. A África dispõe de um banco de investimento e sedimentou políticas como a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD) e o Programa Abrangente para o Desenvolvimento Agrícola Africano (CAADP).

Há, portanto, base fértil a ser semeada pela ação multilateral. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) reformou-se, vem fortalecendo suas oficinas regionais para intensificar sua presença como parceira e ponte facilitadora de um grande mutirão de solidariedade produtiva entre Brasil, África e os países da América Latina. É necessário frisar: para que essa empreitada tenha êxito, governos e organizações locais terão que resgatar a agenda da soberania alimentar.

A lógica dos mercados desregulados, que arruinou o sistema financeiro internacional e dissolveu os estoques de segurança alimentar das nações - ademais de subordinar o abastecimento de muitas delas aos impulsos erráticos das cotações especulativas - não se mostrou um método adequado para conduzir a bom termo a luta pela segurança alimentar. Insistir nesse caminho seria repetir em 2011 os mesmos erros que deram origem ao colapso de 2007/2008. A um custo em fome e miséria que não temos o direito de legar às futuras gerações.

José Graziano da Silva é representante regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO para América Latina e Caribe, em licença do cargo para concorrer à direção-geral da organização.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Empresas Brasileiras se fortalecendo


Pré-sal acelera consolidação do setor

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Noticiário cotidiano - Indústria naval e Offshore

Qua, 02 de Fevereiro de 2011 07:00

A decisão da Petrobras e do governo de aumentar o índice de nacionalização de bens e serviços para o desenvolvimento da produção de petróleo e gás no pré-sal está provocando um "boom" do setor no Brasil. Operações bilionárias como as que se viu com a venda de 40% do campo Peregrino (da Statoil na bacia de Campos) pela chinesa Sinochem por US$ 3,04 bilhões e a entrada da Sinopec, também chinesa, no capital da Repsol Brasil, por US$ 7,1 bilhões, são apenas o lado mais visível do movimento.

Com a munição proporcionada pelo plano de investimentos da Petrobras, de US$ 224 bilhões, dos quais pouco disso ainda dedicado ao pré-sal da bacia de Santos, o número de negócios no setor bateu recordes no ano passado. Uma pesquisa da empresa de consultoria KPMG registrou 34 negócios realizados em 2010, contra apenas nove no ano anterior, um aumento 277,8%. O recorde anterior, de 2002, era de 26 transações.

Além das chamativas quantias envolvidas na entrada dos chineses no negócio de exploração e produção, destacaram-se negócios envolvendo empresas nacionais que foram às compras como a Lupatech, a Petrobras (que recomprou 30% da Repsol na Refap e adquiriu a Gas Brasiliano em São Paulo), a Sonangol (que encerrou o processo de aquisição da Starfish) e a Mangels que comprou duas empresas fornecedoras. Também foi contabilizada a aquisição, pela Ultrapar, da Distribuidora Nacional de Postos, no Nordeste; a finalização da aquisição dos ativos de distribuição da Shell pela Cosan; e compra da espanhola Vicinay Marine pela Lupatech.

O que se viu é um aumento das fusões e aquisições envolvendo tanto fabricantes de equipamentos e serviços sediados no Brasil como no exterior, assim como brasileiros também indo às compras no setor de óleo e gás. A pesquisa da KPMG detectou 19 negócios em que companhias nacionais adquiriram outras estabelecidas no Brasil. E em seis operações as brasileiras compraram empresas no exterior. O movimento deve continuar com a entrada de mais capital para financiar o setor.

"Existem duas forças atuando a partir da intenção do governo de forçar o aumento do conteúdo local. As empresas internacionais que querem entrar na cadeia produtiva ou aumentar sua presença no Brasil, e os fundos de "private equity" que devem ajudar no processo de consolidação dessa cadeia de fornecedores e prestadores de serviços", afirma Paulo Guilherme Coimbra, sócio da área de finanças corporativas da KPMG Brasil.

Ele admite que o setor ainda é muito fragmentado e avalia que deve passar por um processo de consolidação, como o que ocorreu no mercado de etanol. Nesse ponto, os fundos de "private equity" como os anunciados pela Mare Investimentos e o do banco Modal, podem servir tanto como indutores de crescimento como de fortalecimento do setor.

"Se entra dinheiro, o setor se organiza. As empresas internacionais vão procurar empresas para consolidar e isso vai passar pelo mercado local", diz Coimbra. "Aumentou a importância do Brasil no cenário de exploração e produção e o país vai ter mais tecnologia, mais companhias internacionais e a cadeia de fundos atuando mais."

Na segunda-feira a GE Oil & Gas, com sede em Houston (EUA), informou que fechou mais dois contratos com a Petrobras para fornecer 171 sistemas de cabeças de poço submarino e ferramentas. Os equipamentos serão entregues entre junho de 2011 e novembro de 2012 e uma parte será fabricada em Jandira (SP).

 

(Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio