Mais um texto sensacional da fonte respeitadíssima e amigo: Maurício Santos.
Nada a ver com o Petróleo, mas vale a pena registrar e ler.
------------------------------------------------------------------------
CONCURSO MUNDIAL DE REDAÇÃO (não deixe de ler, esta vale a pena!!!!)
BRASILEIRA GANHA CONCURSO MUNDIAL DE REDAÇÃO
Clarice Zeitel Vianna Silva, 26 anos, estudante de direito.
VENCE CONCURSO MUNDIAL DE REDAÇÃO.
Imperdível para amantes da língua portuguesa, e claro também para
professores.
Isso é o que eu chamo de jeito mágico de juntar palavras simples para
formar belas frases.
REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000
PARTICIPANTES
Tema: 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ
------------ --------- --------- --------- --------- --------- -----
PÁTRIA MADRASTA VIL
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. ..
Exagero de escassez... Contraditórios? ?
Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor
para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a
abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de
responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente
sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que
não é gentil e, muito menos, mãe.
Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta
vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo,
um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que
me restaria a liberdade apenas para morrer de fome.
Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um
verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que
contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me
adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de
oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha
voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha
educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a
outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que
quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam
hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às
vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.
E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela
ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser
cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade:
nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do
Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão
confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do
que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas
estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de
dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa
acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe
que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se
posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente,
a um posicionamento perante o mundo como um todo.
Sem egoísmo. Cada um por todos...
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de
uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído?
Como gente.... Ou como bicho?
------------------------------------------------------------
Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina
faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil
estudantes universitários. Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um
prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a
desigualdade' .
A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num
livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está
disponível no site da Biblioteca Virtual da Unesco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário